segunda-feira, 9 de junho de 2025

junho 09, 2025 ,,

MSN, Orkut e Outras Ruas Onde Morávamos

Houve um tempo em que a internet tinha cheiro de novidade e gosto de descoberta. Um tempo em que cada clique parecia abrir uma fresta mágica num mundo ainda sem algoritmos sufocantes, sem filtros perfeitos, sem pressa. Estamos falando dos anos 2000 – mais precisamente, entre 2006 e 2012 – quando os computadores ainda rodavam Windows XP e o barulhinho do MSN entrando ecoava como sinal de que alguém, do outro lado, pensava na gente. Era uma internet que pulsava de vida em suas imperfeições: com seus gifs piscantes, suas páginas coloridas do Orkut e seus layouts que pareciam ter sido desenhados com lápis de cor digital.

Era a era do Habbo Hotel brasileiro – aquele universo pixelado onde avatares dançavam, trocavam confidências e criavam seus próprios reinos em quartos decorados com pixel-art de afeto. Mas também era a era do Orkut, das comunidades que se tornavam confessionários públicos, e do Zapping Zone, que vibrava em sintonia com os clássicos da Disney como Hannah Montana, High School Musical, As Visões da Raven. Cada série, cada música, cada meme carregava consigo uma textura específica de tempo – quase como se, ao ouvir Bad Romance ou Firework, a gente conseguisse tocar com os dedos a atmosfera daquele quarto em que navegávamos escondidos de madrugada.

E havia também aquela estética – meio brega, meio genial – das páginas amadoras do Geocities e, anos depois, do Neocities. Sites pessoais cheios de glitter, fontes aleatórias, barrinhas de visitantes e uma ousadia visual que dizia: “isso aqui é meu”. Nada ali era padronizado. Cada espaço era expressão pura, criativa, infantil e sincera. Era uma web que ainda permitia ser feita à mão. Que era território de experimentação, não de desempenho.

Essa internet, com todas as suas cores vibrando fora da linha, deixou uma saudade que não cabe num post, nem numa playlist (embora eu tenha feito uma para tentar...). Porque o que sentimos falta não é só das ferramentas – mas da liberdade estranha e doce de se perder num lugar onde nada era muito certo, e talvez por isso, tudo fosse mais nosso.

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