terça-feira, 8 de julho de 2025

O eco que não volta

Às vezes me pergunto se estamos sozinhos no universo. E às vezes, por mais estranho que pareça, percebo que talvez nem seja essa a questão.

Eu não tenho respostas cósmicas guardadas no bolso. Não sei como os telescópios funcionam direito, nem posso explicar o que exatamente um espectrômetro fareja no vácuo. Mas sei de uma coisa: quando olho para o tamanho do universo — esse desdobramento impensável de galáxias, poeiras e silêncios —, tudo dentro de mim grita que não pode ser só isso. Não faz sentido sermos os primeiros. As probabilidades seriam ridiculamente pequenas. A sensação é mais de estarmos num intervalo — talvez entre outros, talvez à parte — mas definitivamente não no início da fila.

Tem uma hipótese incômoda chamada Grande Filtro. Dizem que pode existir uma barreira em algum ponto da evolução, uma espécie de armadilha cósmica que impede a maioria das formas de vida de avançar até o nível de civilizações estelares. A ideia em si já é desconfortável, mas o pior é quando a gente começa a se dar conta do que significaria descobrir que a vida surgiu em outros lugares também — em Marte, por exemplo. Porque, se a vida aparece fácil... então o problema não é o começo. É o depois. Algo ali na frente engasga. E aí tudo muda de cor. A pergunta “cadê todo mundo?” vira um aviso: talvez todos tenham ido longe o bastante só para tropeçar do mesmo jeito.

E eu fico pensando… será que vamos tropeçar também? Será que somos só uma vela acesa no vento, dançando por descuido? Ou será que, justamente por sabermos disso, ainda dá tempo de escolher outro caminho? O silêncio do universo, às vezes, soa menos como abandono e mais como uma página em branco. Não sei se estamos esperando companhia… ou só algum consolo. Mas enquanto essa resposta não vem, talvez o mais importante seja seguir perguntando. Porque, no fundo, cada pergunta dessas não é só sobre estrelas. É sobre a gente. E sobre se ainda há uma chance de continuarmos sendo.